Abelardo e os Universais

Quem é Pedro Abelardo?

Embora não tenha alcançado a fama dos filósofos do século XIII, como São Tomás ou São Boaventura, Pedro Abelardo não é, por isso, menos influente no panorama dos intelectuais medievais. Dono de uma inteligência penetrante, e pelo que podemos notar de sua biografia, de uma retórica exemplar, Abelardo contribuiu positivamente em todas as áreas do conhecimento. Nascido no oeste da França em 1072, estudou lógica com Roscelino e Guilherme de Champeaux - travando embates com ambos; propôs uma teoria dos universais mais refinada, que contrariava ambos - e que vamos estudar em nosso mini-curso. Após algum tempo, estudou Teologia com Anselmo de Laon, o incentivador da execução da famosa Glosa, uma reunião de comentários dos padres da Igreja sobre os diversos temas do evangelho (a Catena Aurea, de Santo Tomás, é inspirada nela e a cita algumas vezes). Também arrumou discussão com este professor, e começou a lecionar a parte. Suas contribuições para a Teologia, sobretudo a partir de seu livro Sic et Non (Sim e Não), foram decisivas para o modelo de teologia a ser realizado no século posterior, não obstante duas condenações por Heresia - a última delas envolvendo São Bernardo de Claraval. Contudo, Abelardo não é famoso apenas por suas ideias: o romance com Heloísa de Argentuil, que resultou em sua castração à mando do cônego Fulbert (tio de Heloísa) e numa bela troca de correspondência de ambos, também chama a atenção dos historiadores, romancistas e intelectuais ao longo de toda a história.

Heloísa e Abelardo

Abelardo protagonizou um romance com uma jovem moça letrada, muitos anos mais nova: Heloísa. Após a descoberta da fornicação, seu tio Fulbert separa ambos, mas Abelardo insiste no matrimônio para permanecer com sua amada. Uma vez casados, Fulbert vinga-se de Abelardo tramando a sua castração. Heloísa recolhe-se no mosteiro de Argentuil, onde fora educada, e Abelardo também professa seus votos e logo se ordena padre. A fortuna reuniu novamente estes monges sem vocação, que acabaram trocando algumas cartas íntimas, formando o que se hoje conhece como Correspondance. Nesta correspondência, Heloísa mostra-se profundamente abalada pela ausência de seu amado e incapaz de amar a Deus mais do que Abelardo. O filósofo, por outro lado, insiste em sua conversão, num tom de amante e diretor espiritual. Na última carta de Heloísa, ela escreve uma frase intraduzível e que resume o seu profundo amor, mas que só se explica a partir do contexto dos universais e da teoria de Abelardo: Suo Specialiter, Sua Singulariter. Aqueles que estiverem presentes em nosso mini-curso compreenderão o sentido destas palavras.

O que são os Universais?

Para Abelardo, um nome universal possui uma tríplice significação: 1) o status, isto é, o estado comum partilhada por muitos indivíduos 2) a forma comum constituída pelo indivíduo e 3) a intelecção que gera a definição do universal, realizada a partir da forma comum. É a partir desta conclusão que ele responderá as famosas perguntas de Porfírio, que deram início à querela dos universais na idade média.

Sobre o professor

Graduado em filosofia pela Faculdade Arquidiocesana de Filosofia em convênio com a Uniandrade, João Pedro é mestrando em filosofia pela Universidade Federal do Paraná, sob a orientação do Prof. Lúcio Lobo. Tem experiência com filosofia medieval e também aprecia o estudo de filósofos contemporâneos como Karol Wojtyla, Edith Stein, Martin Buber, Emmanuel Levinas e Jean-Luc Marion.

Aulas

As aulas deste mini curso acontecerão nas duas primeiras semenas de fevereiro (05, 06, 12 e 13/02), na terças e quartas, com início após a oração do terço, a ser iniciado às 18:30.

As aulas são gratuitas estão abertas a todos! Convide os amigos!

Santo Atanásio,
Rogai por nós!